“Quem
fica apenas olhando o vento jamais plantará e quem para observando a passagem
das nuvens nada colherá.”
Eclesiaste
11:4 - BJK
“A
oportunidade passou como ônibus lotado e não fizemos sinal para ele parar.”
JLJr
O oportunismo
é um conceito incrivelmente controverso em nossa sociedade desde sempre, ou
pelo menos desde que me entendo por gente; que é quase igual a “desde sempre”.
Ser um oportunista tanto pode
significar uma importante e destacável característica em um indivíduo, como
pode ser a constatação decepcionante de que o individuo em questão utilizou-se
indevidamente de uma oportunidade que
não lhe cabia.
A imprensa em sua quase totalidade tem
apresentado diversos oportunistas
que, diante da possibilidade de enriquecer levianamente, não mediram esforços
para alcançarem seus interesses particulares, a despeito dos interesses comuns da
população; legítima proprietária do dinheiro público. Na outra ponta, há oportunistas aclamados, como é o caso
dos atacantes artilheiros do brasileirão,
que com a bela mania de se aproveitarem das oportunidades,
nos empolgam com a beleza de suas jogadas.
O que nos interessa hoje, porém, não são
os oportunistas, mas sim a oportunidade.
Esse instante mágico, que une condição
e pretensão, surge como uma janela aberta na dimensão de nosso cotidiano, de
duração variada, e que se perpetua na memória pelas conseqüências, tenha sido a
oportunidade aproveitada ou perdida.
No imaginário coletivo e aceito pelo senso comum, ou a agarramos com “unhas e
dentes”, ou ela passa jamais retornando.
Esse conceito, no entanto, faz-nos
pensar que a oportunidade está ligada
ao acaso, ou seja, circunstâncias convergem em favor de uma determinada condição,
que se apresenta para nós como sorte,
e que deve ser aproveitada a qualquer custo.
Diferente do senso comum, no entanto, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo
Testamento, a oportunidade é apresentada como condição oportuna, adequada e
propícia para um determinado fim. Jamais como uma condição formada aleatoriamente,
mas sim providencialmente conduzida por Deus e disponibilizada ao individuo
para realização e cumprimento de sua vontade.
Ainda que a oportunidade possa ser
perdida pela rejeição ou opção do ser humano, uma vez que esse sempre será
livre para rejeitar a mão estendida de Senhor,
nos ocupemos por enquanto das oportunidades perdidas pela falta de fé,
confiança e esperança em Deus. Falamos daquelas oportunidades perdidas pelo
julgamento de que as condições não são
favoráveis, que ainda não é o tempo
ideal, ou que esperando um pouco mais
antes de a realizarmos, as vantagens
serão ainda maiores das que se apresentam possíveis agora. Na verdade
desculpas que camuflam falta de confiança num discurso pretensamente racional e
equilibrado.
Quem fica apenas olhando o
vento jamais plantará e quem para observando a passagem das nuvens nada
colherá. Salomão alerta para essa armadilha. Na esperança
de se apresentem condições sempre mais adequadas, ou um atalho que encurte a
jornada ou que torne o trabalho mais leve, ficamos de cara para o céu, olhando
nuvens passageiras ao sabor do vento. Condições sempre estão em mutação. O
mundo não é estático. É preciso dar o primeiro passo para realização da
oportunidade.
Sim, porque se é certo que as
condições propícias são concedidas por Deus, também é certo que Ele mesmo
espera de nós uma atitude de fé, de iniciarmos a realização com nossas forças e
disponibilização de todo o nosso empenho e nossa realidade em favor do fim para
o qual somos inspirados.
“8
Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes; 9 porque uma porta grande e oportuna
para o trabalho se me abriu; e há muitos adversários.”
1
Coríntios 16:8-9 - RA
O apóstolo Paulo informava a seus
leitores que se manteria em Éfeso, onde uma oportunidade lhe havia sido
concedida. Não era uma oportunidade para se dar bem. Era uma promessa de grande
desgaste, de um trabalho sofrido, de condições propicias para a pregação, ainda
que desfavoráveis para a vida. Ou não sabemos todos que até risco de morte
Paulo corria com tal decisão? Mas ele não claudicou diante da oportunidade dada
por Deus. A obra era do Senhor, mas a execução dele, Paulo. Era por confiança e
fé que se arriscava e dedicava ao cumprimento de sua vontade pela oportunidade.
“35
Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei
os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa. 36
O ceifeiro recebe desde já a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida
eterna; e, dessarte, se alegram tanto o semeador como o ceifeiro. 37
Pois, no caso, é verdadeiro o ditado: Um é o semeador, e outro é o ceifeiro. 38
Eu vos enviei para ceifar o que não semeastes; outros trabalharam, e vós
entrastes no seu trabalho.”
João 4:35-38 - RA
Fazendo comparação com o tempo para a
colheita, Jesus confronta seus discípulos. Ainda que as circunstâncias apontem
para outras atitudes, estratégias e prazos, a realidade da oportunidade está
diante dos seus olhos. Não importa se o tempo adequado ainda não tenha chegado,
a oportunidade está aqui e é agora. O campo está pronto para a colheita, a
despeito das previsões. Na verdade, conclui Jesus em Mateus
9:37 e 38, o que falta são ceifeiros dispostos a iniciarem
já a colheita; há poucos. Precisamos de mais ceifeiros. Outra vez a realização
cabe a nós.
Portanto precisamos descer do muro. Começar
a caminhada. Entrar na seara e colher no campo. Precisamos parar de esperar o
ônibus mais vazio, o taxi mais espaçoso, o passe magistral... O melhor vento. Agir
na direção da realização da vontade de Deus dependerá de nossa confiança e fé,
discernindo realidade e circunstância. A oportunidade? Está diante de nossos
olhos.
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