“Deus
não criou robôs, não nos fabricou em série. Cada um de nós é um ser único que
revela em si mesmo uma individualidade plena, ainda que plural, porque capaz de
se torna um com o outro e com muitos, sem deixar de ser único.”
JLjr
"4
Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. 5
E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. 6
E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. 7
A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso. 8
Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro,
segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; 9
a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; 10 a
outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos;
a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las. 11
Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como
lhe apraz, a cada um, individualmente."
1 Coríntios 12:4-11 – RA
“E
ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas
e outros para pastores e mestres,”
Efésios
4:11 - RA
A multiplicidade de manifestações dos
dons concedidos pelo Espírito de Deus, por diversas vezes esteve na pauta de
defesa de que cada um possui uma forma única e particular, no serviço do Reino
de Deus, para edificação do corpo de Cristo. O que pouca gente ressalta,
contudo, é que o coração humano, por vaidade ou ciúme, ou pelas duas coisas,
leva determinadas pessoas a desqualificarem ou mesmo menosprezarem a importância
deste ou daquele dom, na tentativa infantil de realçar o seu próprio dom,
buscando com isso notoriedade e distinção.
Esse tipo de atitude, no entanto, não
é nova. Muito pelo contrário. O apóstolo Paulo enfrentou esse problema na
igreja de Corinto, e por essa razão ele faz a defesa de que o mesmo Espírito é
que concede os diferentes dons, com a mesma importância e valor para o
amadurecimento da igreja. Já naquela época e pouquíssimo tempo depois da ressurreição
de Jesus, membros da igreja já se jactavam por terem algum dom que os valorizava,
a ponto de lhes darem presumida importância superior e destaque no seio da
igreja.
Pelo senso comum, esse comportamento é
reprovado entre os grupos eclesiásticos. Na prática, porém, a situação se
desdobra diferente da teoria e do aceitável. Porque ainda que diferentes dons
sejam aceitos como utilidades diversificadas para a capacitação das
possibilidades da igreja, o que se exige dos que participam de algumas
congregações, é que seus comportamentos, seus impulsos e traços de
personalidade e até a forma de adoração, sejam iguais ou se manifestem iguais
aos demais. Por quê o irmão não faz como
eu?
Esse maniqueísmo é sutil, mas é forte
e cruel com quem se atreve a não embarcar no modelo adotado pela maioria, que é
entendido como o único modelo aceitável
e aferidor de piedade e firmeza espiritual. Esse dualismo que estabelece o pensamento
implícito do quem não está comigo está
contra mim, gera pensamento segregador, que não aceita no outro, reações,
posicionamentos ou preferências diferentes, divergentes e particulares.
O que na prática não se aceita, é que
as pessoas têm histórias diferentes, costumes diferentes, predileções outras,
não necessariamente idênticas ou mesmo compatíveis entre si. Quem cruza os
braços não é menos crente que quem levanta as mãos ao cantar. Quem solta um aleluia durante as orações ou durante a
adoração, não é mais especial do que ninguém. E não; ninguém é obrigado a fazer
igual na hora em que alguém diz que isso deve ou não deve ser feito. Unidade na
fé não é necessariamente uma manifestação uniforme e padronizada de
espiritualidade. Mas a cumplicidade e a concordância naquilo em que cremos; Cristo em vós, a esperança da glória.
Ora, se as habilidades com que somos
dotados atendem a uma variedade importante no cumprimento dos propósitos de
Deus, que dirão nossas personalidades e nossas histórias, que nos fazem
diferentes e divergentes, num mosaico de capacitações e atitudes inerentes a qualquer
grupo humano. Por isso Paulo insistia; “como
resultado disso, já não existem mais judeus e não-judeus, circuncidados e
não-circuncidados, não-civilizados, selvagens, escravos ou pessoas livres, mas
Cristo é tudo e está em todos” (Colossenses
3:11 – NTLH). Na variedade de personalidades, etnias,
condição social e comportamento, opera a multiplicidade de possibilidades de
auxílio mútuo e amparo.
É necessário, portanto, aceitar que
entre nós há indivíduos que respondem diferentemente aos estímulos e provocações
do Espírito de Deus, que atua individualmente para que não haja absorção ou
programação, mas uma resistência à uniformidade. Nossos ajuntamentos e
celebrações de modo algum podem se assemelhar a exercícios de pelotões de robôs,
obedientes a comandos mecânicos. Antes, pelo ensinamento de que misericórdia quero e não sacrifícios,
sejamos espontâneos, voluntários e amorosos, agindo com singeleza de coração.
Usando de verdade e autenticidade diante do Pai.
Que o Senhor nos sustente por sua
graça, mantendo-nos na pluralidade dos dons e das atitudes, para que a riqueza
de seu poder e propósitos continue a nos capacitar a atingir diferentes
culturas e regiões, para a sua glória.
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