Há poucos dias postei aqui um texto que
falava sobre o sentido que a vida pode ter. Um sentido que pode encher a alma
da mais legítima sensação de plenitude. Não por ser a vida dos sonhos materiais,
mas por ser uma vida produtiva. Uma vida que deixe um legado, que seja
significante, para mim e para as pessoas que comigo dividem o dia-a-dia da
existência humana.
Pois bem, há poucos dias perdemos três
grandes brasileiros. Homens que fizeram de sua arte e da visão peculiar da
vida, um oásis de prazer, em meio ao deserto de insensibilidade que o mundo
atravessa. João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna.
A literatura perdeu dois grandes
expoentes. A Academia Brasileira de Letras perdeu um de seus imortais (como se
fosse possível a morte de um deles). A Teologia perdeu o mestre do sabor.
Perdemos um escritor que traduzia com simplicidade o olhar crítico do cotidiano
da vida real. Seu texto sempre foi fácil, mas revelador. E perdemos o teólogo (educador,
filósofo, poeta...) que nos ensinou que o sabor da “vida, e vida em
abundância”, está no coração pleno do prazer da vida de comunhão com Deus,
renovada na liberdade. Um vai deixar saudades nas calçadas do Leblon. Os outros
dois deixarão um vazio enorme em minha estante.
Não vou me gastar em definições que
não farão mais do que chover no molhado.
A capacidade de sintetizar compêndios em pequenas frases, sempre fez de Rubem
Alves um homem a frente de seu tempo.
"Sou grato pela minha vida. Não terei últimas palavras
a dizer. Recebi muito. Fui muito amado. Tive muitos amigos. Plantei árvores,
fiz jardins. Construí fontes, escrevi livros. Tive filhos, viajei, experimentei
a beleza, lutei pelos meus sonhos. Que mais pode um homem desejar? Procurei
fazer aquilo que meu coração pedia."
(Trecho da carta deixada por
Rubem Alves) – Rubem Alves-frases, Facebook
Isso não é o sentimento de realização
mais legítimo que pode existir? Sentir que não ficaram pendências...
"combati o bom combate, encerrei a carreira e guardei a fé". Se
despedir do mundo sem deixar vida por viver.
A vida pode mesmo ter um sentido, um
propósito, enquanto marcha para a realização e o próprio fim. Exigência do
recomeço...
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