“8 A palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo: 9 Assim falara o Senhor dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; 10 não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo. 11 Eles, porém, não quiseram atender e, rebeldes, me deram as costas e ensurdeceram os ouvidos, para que não ouvissem. 12 Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos precederam; daí veio a grande ira do Senhor dos Exércitos.”
Zacarias 7:8-12 – RA
“13 Passam eles os seus dias em
prosperidade e em paz descem à sepultura. 14
E são estes os que disseram a Deus: Retira-te de nós! Não desejamos
conhecer os teus caminhos. 15
Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe
façamos orações?”
Jó 21:13-15 - RA
“O
mundo inteiro jaz no maligno”, afirma o apóstolo João em uma de suas cartas (1 João 5:19 - RA).
Ao afirmar isso, João nos apresenta uma realidade não só percebida por ele já
no primeiro século da era cristão, mas uma realidade permanente na história da
humanidade, comentada por Jó, e reconhecida por Zacarias ao relatar os motivos
que levaram o povo de Israel ao cativeiro babilônico; a rejeição a Deus.
É
evidente que, se retrocedermos na história da narrativa bíblica, encontraremos
outras tantas alusões à rebeldia humana, desde o livro de Gênesis ainda com o
primeiro homem Adão, passando pela história dos patriarcas, pelo deserto do
Sinai e por tantas outras etapas em que Deus chamou o homem para perto de Si, sendo,
porém, rejeitado e deixado de lado
voluntariamente.
Mas
esses dois textos acima nos chamam atenção especial, pois se assemelham a duas
condições bastante contextualizadas em nossos dias; a corrupção e a prosperidade
do erro. Sendo a primeira uma espécie de praga social que se alastra em todos
os níveis da sociedade brasileira, e a segunda uma enganosa condição de independência,
de quem imagina que a necessidade de Deus, provém da falta de recursos ou
vantagens na vida.
É
importante notar que o texto de Zacarias começa com uma realidade abominável; a
injustiça proposital. O juízo enganoso que favorecia convenientemente à parte
na verdade culpada, mediante suborno, amizade ou mesmo favorecimentos que
intencionavam barganhas futuras. Fosse pelo que fosse, a verdade e o juízo não eram
estabelecidos, devido à corrupção daqueles que deveriam zelar por sua correta
aplicação. Além disso, a aplicação da lei era severa e inflexível sempre que o
ofensor era alguém comum, ou sem capacidade de trazer qualquer vantagem aos
aplicadores da lei. Principalmente àqueles que apresentavam tanto mais
necessidade e carência do cuidado das autoridades públicas; viúvas, órfãos,
estrangeiros (que não tinham qualquer direito de cidadão) e pobres. A corrupção
tornou-se um meio fácil de enriquecimento e prestígio.
Em
Jó se evidencia a conseqüência enganosa dessa condição de vida. Acreditando que
sua prosperidade advém de seus próprios esforços, ainda que sejam esforços
corrompidos, o homem rejeita a proximidade de Deus. Rejeita conhecer os seus
caminhos. Sabe que isso lhe causaria prejuízo, pois suas atitudes lhes seriam
necessariamente reprovadas. E interessante; não fogem da presença de Deus, mas
ordenam que Ele se afaste, numa
demonstração clara de se acharem donos legítimos da condição em que se
encontram. Sai daqui, não vem estragar o
que conseguimos construir por nossas próprias mãos, poderíamos imaginá-los
falando a Deus.
O
pior e mais flagrante comportamento humano na atualidade, contudo, está no
final do versículo quinze do texto de Jó.
Que vantagens teremos em servir ao Todo Poderoso? O que ganhamos com isso?
A possibilidade de transformar Deus num negócio rentável e promissor, provocou enorme
afluência de aproveitadores ao universo do sagrado e do religioso. Com aparente
piedade, lideres mal intencionados têm se aproveitado da boa fé de muitos,
enganando-lhes e sugando-lhes a vida, por mais simples que suas vidas sejam.
Ganham na quantidade.
“6 Respondeu-lhes: Bem profetizou
Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com
os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7
E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.”
Marcos 7:6-7 - RA
“9 Que se conclui? Temos nós
qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos,
tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; 10 como está escrito: Não há
justo, nem um sequer, 11
não há quem entenda, não há quem busque a Deus; 12
todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há
nem um sequer. 13
A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de
víbora está nos seus lábios, 14
a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; 15 são os seus pés velozes para
derramar sangue, 16
nos seus caminhos, há destruição e miséria; 17
desconheceram o caminho da paz.18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.”
Romanos 3:9-18 - RA
Faz-se
importante ressaltar, contudo, que tanto corruptos, ímpios, religiosos
enganadores e pretensos enganados, todos fazem peso em um mesmo barco. Sim, porque
não há inocentes nesse jogo de barganha com Deus. Os presumivelmente enganados
concordam em seus íntimos que, dando algo para Deus, dinheiro, tempo ou aquilo
que lhes parecer mais valioso, em troca conseguirão algo que desejam, ou pelo
menos manter o que já têm, ainda que pouco, numa imaginária relação de troca,
que acreditam ser o que Deus espera deles. Fazem de Deus um mero ídolo a quem
se devotam.
Quando
multidões acorriam ao deserto em busca de serem batizados por João Batista, que
pregava “arrependei-vos”, ele mesmo vendo a grande afluência de gente dize a
esses: Raça de víboras, quem vos induziu
a fugir da ira vindoura? (Lucas
3:7 – RA). Vemos que a rejeição a Deus é muito mais sutil
atualmente, do que as declaradas manifestações do passado. Mas não deixam de
ser uma rebelião, que O afasta de seus corações. Rejeição essa voluntária, e
sem qualquer desculpa, pois Deus sempre se deu e ainda se dá a conhecer
abertamente, como diz Paulo no livro de Romanos:
“18 Do céu Deus revela a sua ira
contra todos os pecados e todas as maldades das pessoas que, por meio das suas
más ações, não deixam que os outros conheçam a verdade a respeito de Deus. 19 Deus castiga essas pessoas
porque o que se pode conhecer a respeito de Deus está bem claro para elas, pois
foi o próprio Deus que lhes mostrou isso. 20
Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, isto é, o seu
poder eterno e a sua natureza divina, têm sido vistas claramente. Os seres
humanos podem ver tudo isso nas coisas que Deus tem feito e, portanto, eles não
têm desculpa nenhuma. 21 Eles
sabem quem Deus é, mas não lhe dão a glória que ele merece e não lhe são
agradecidos. Pelo contrário, os seus pensamentos se tornaram tolos, e a sua
mente vazia está coberta de escuridão. 22
Eles dizem que são sábios, mas são tolos. 23
Em vez de adorarem ao Deus imortal, adoram ídolos que se parecem com seres
humanos, ou com pássaros, ou com animais de quatro patas, ou com animais que se
arrastam pelo chão.”
Romanos 1:18-23 - RA
O mundo jaz no maligno,
e essa afirmação de João talvez nunca tenha sido tão real como em nossos dias,
pois em toda parte se encontra uma rebeldia intrínseca e uma rejeição
inequívoca, sejam elas abertamente declaradas ou sutilmente camufladas com
aparência de piedosa religiosidade.
Que
nossos corações e mentes se mantenham atentos às artimanhas dos que com
ardilosos discursos, tentam enganar a muitos. Que com ousadia e conhecimento de
Deus, tenhamos condição de levar-lhes a palavra de salvação, que está em Jesus
Cristo, nosso redentor, e esperança nossa.
Bom
treino a todos!
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