“Grande
paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço.”
Salmos 119:165 – RA
Vivemos
uma conjuntura de grandes incertezas em todo o mundo. Crises financeiras,
escassez de recursos, desempregos, conflitos armados, epidemias... A informação em tempo
real nos faz saber muito rapidamente de tudo, em qualquer lugar e ao mesmo
tempo, e quase nunca são boas noticias. A sofreguidão por repercutir
instantaneamente aquilo que pode causar grande comoção e influenciar direta ou
indiretamente na vida de todos, estabelece uma seleção estratégica por um
noticiário bombástico e alarmista. Vivemos aos sobressaltos.
Na
prática, isso causa um acumulo de preocupações e incertezas subliminares, que
afetam a convicção e o empenho em planos de médio e longo prazo na vida de
todos nós. Pessoas passam a viver um imediatismo reativo e pragmático, na intenção
de abreviarem suas conquistas e recompensas, antes que o mundo se acabe, ou ainda que lhes faltem condições idéias
para se locupletarem de seus esforços, ou realizarem seus sonhos. Passamos a
viver na ansiosa intenção do amanhã, com o peso da culpa do ontem, e quase
nunca atentos ao hoje, ao aqui e ao agora.
A
ansiedade e o medo tornaram-se o mal da modernidade. Tanto que paz e tranqüilidade viraram produtos de consumo, anunciados em profusão pela mídia no
mundo inteiro. No pacote, segurança e lazer, tornam-se suas fontes, e já não
podem faltar em quase nenhum lançamento imobiliário, por exemplo. Ah! Não podemos
nos esquecer da conectividade, que nos permite estar ligados com o mundo lá
fora, enquanto nos protegemos dentro dos muros do temor que levantamos à nossa
volta.
O
que aconteceu com a sociedade? Onde foram parar nossas certezas e convicções? O
que nos levou a relativizar nossas bases, nossas crenças e certezas? Ainda que não comprovadas cientificamente, elas orientavam a régua média de conduta ética das ambições, o sentido da vida, e iluminavam nossas existências fugazes e pouco agitadas. Terá sido a
relativização generalizada de todos os nossos pilares morais e afetivos a responsável por esse mar de incertezas, ou
tudo isso é apenas um efeito colateral do ateísmo
funcional em que o mundo se lançou, quase que em sua totalidade, escolhendo
convenientemente o lado da suposta liberdade, quando do conflito direto entre a presumida iluminação e a ultrapassada moral religiosa?
Creio
que o que vivemos hoje é um pouco de tudo, em que o todo é ao mesmo tempo causa e efeito do caos em que nos lançamos voluntariamente. Sim, voluntariamente, porque escolhemos dar as costas para
Deus. Decidimos pelo caminho da facilidade e do descompromisso, do abandono
aos valores, e da aventura do descaso. Lançamo-nos à própria sorte, navegando
ao sabor do vento e torcendo por um porto qualquer. Criamos um cenário de angustia e medo viciantes, em que todo fato nos assusta, toda probabilidade nos inquieta, qualquer demora impacienta, e qualquer mínima divergência nos ofende.
“32 Os tolos morrem porque rejeitam a
sabedoria; os que não têm juízo são destruídos por estarem satisfeitos consigo
mesmos. 33
Mas quem me ouvir
terá segurança, viverá tranqüilo e não terá motivo para ter medo de nada.”
Provérbios
1:32-33 - NTLH
A Bíblia declara e nós somos
testemunhas, que a comunhão com Deus nos inspira à confiança e à esperança
que nos traz a paz. Não que, por participantes de seu Reino, nos tornamos
inatingíveis ou imortais em nossa natureza, mas porque a paz de Deus que excede a todo o entendimento e o seu amor, ambos experimentados, nos
trazem segurança e lançam fora todo o medo. Estamos então livres de infortúnios
ou contingências da vida? De modo algum, mas temos confiança plena de que todas as coisas contribuem para o bem
daqueles que amam a Deus; dos que crêem n’Ele (Romanos
8:28).
Por isso caminhamos olhando para frente, com os olhos na promessa, atentos aos
que caminham ao nosso lado, para sermos generosos e solidários. O imprevisto é certo, mas o
socorro também.
“Estas
coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições;
mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”
João
16:33 - RA
Ora, se a fé é o fundamento das coisas que se esperam, e a certeza das coisas que
ainda não existem, a incerteza instalada no mundo e sua insegurança, decorrem
da falta de fé no Deus Criador, e de sua decisão em criar para si um deus
distante e impessoal, objeto de teorias frívolas e de coisificação maniqueísta.
Fizeram para si um ídolo mental e estático, impossível de interagir com a vida
e suas complicações. Um deus inapetente e sem vigor, amuleto de uma inoperante energia cósmica e positiva.
“naquele
tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às
alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.”
João
16:33 - RA
Que o Senhor, por meio de nosso
testemunho de fé e esperança em Cristo, renove a confiança nos corações de
muitos, trazendo-nos segurança e paz, para que as circunstâncias e as contingências
do cotidiano, não nos arrebatem nem nos enlace no jogo opressivo da ansiedade. Afinal, quem pode acrescentar um centimetro sequer à sua altura por mais ansioso que esteja; e ainda, basta cada dia o seu mal.
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