“A vida é como um cavalo chucro.
Não obedece prognósticos, não segue vaticínios, não possui lógica. Quando
puxamos à direita, segue em frente, quando deixamos as rédeas cederem, acreditando
que o cavalo continuará, ele empaca, teimoso. Desperdiçamos enormes pedaços de
nossa existência na ânsia de encabrestar esse tal potro selvagem. Mas controlar
a vida se torna um desafio estafante, um delírio de nossa falsa onipotência”
Ricardo
Gondim em Pra
Começo de Conversa – pág. 189
Imprevisível. Uma das características
mais inquietantes e assustadoras da vida. O mundo contemporâneo nos obriga a
viver em sobressaltos, sempre a mercê das intempéries existenciais que, contra
nosso gosto, nos sacode as emoções, convicções e crenças, nos lançando
inexoravelmente em um roda-moinho de sensações, muitas vezes novas ou
indesejadas.
É claro que também há imprevistos
ótimos que nos causam grande felicidade. Mas esses não nos causam temores. Ao
contrário, torcemos sempre por tais imprevistos e por eles até sonhamos.
Os sustos, porém, nos amedrontam. E no
desejo de jamais passarmos por isso, no anseio de termos o controle da vida,
desenvolvemos mecanismos diversos, que tentam blindar-nos das surpresas. Os
mais variados segmentos da sociedade se dedicam e gastam muitos recursos para
conter e limitar as possibilidades imprevisíveis. Ciência e tecnologia estudam
e municiam a sociedade de certas previsões que tentam diminuir a sensação de
insegurança ou dando um certo conhecimento do futuro. Daí os institutos de
meteorologia, por exemplo, ajudando variados setores da economia, bem como a
medicina diagnóstica, que permite antever e prevenir doenças ou avanços, o que
seria impossível há poucas décadas.
Nesse afã de nivelar os montes, a
religião não fica para trás. Em resposta a angustia pelo imprevisto, ela
oferece fórmulas para blindar a vida contra o inesperado. Como se passar por
percalços fosse sinal de pouca fé ou garantia de felicidade. O que tentam nos
oferecer, é uma vida sem dor e sem lágrimas, que na verdade nos está prometida
no porvir. Não agora, não aqui, não nesse corpo.
O que se esquece, é que nenhuma
promessa foi feita no sentido de termos uma vida tranqüila e livre de sustos.
Muito pelo contrário. “Tenho-vos dito
isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16:33). Ora, se Jesus venceu o mundo onde
ocorrem as aflições que nos atingem, muito mais nos fortalecerá para
suportarmos tais aflições. Não é que não as sentiremos. Sim, sentiremos. Sim,
vai doer. Mas vai passar. Não desanime!
O bem final do amor de Deus na vida de uma pessoa é sua transformação interior,
seu amadurecimento espiritual. Não seu bem estar físico-social.
A idéia não é nos poupar de
eventualidades ou do contingencial. Pelo contrário, precisamos ser
experimentados em tudo, na paciência e na esperança, para que a fé se fortaleça
e a confiança se aprimore em Deus, pelo poder consolador do Espírito Santo.
Portanto tenhamos confiança diante dos
imprevistos. Eles existem e continuarão existindo. O imprevisível continuará a
nos surpreender. Mas a confiança no cuidado e no amor de Deus nos fortalecerá
em tudo, nos graduando espiritualmente a um coração cheio de fé e devotado a
Deus. Sabendo confiadamente que todas as
coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus. Afinal, “tudo posso naquele que me fortalece.”
(Filipenses 4:13).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...