“Nunca
gostei de militância política, nem de expor minhas idéias sobre o assunto. Isso
não significa que não as tenha. Apenas me reservo o direito de não me gastar em
discussões que não me levam a nada. Exerço minha cidadania sim. Mas deixo para
discutir política na urna. Prefiro que ela fale por mim.”
JLjr
Tenho presenciado e acompanhado com
profundo interesse, alguns embates políticos entre militantes ou simpatizantes
dos candidatos que disputarão o segundo turno. E a julgar pela defesa que vêem
realizando de seus respectivos candidatos, quase sou levado a votar nos dois
simultaneamente...
Sim, porque os argumentos das duas
partes são contundentes e repletos de “verdades” insofismáveis, ora sobre as
virtudes de seus candidatos, ora sobre os defeitos dos adversários, quase que
sacralizando seus postulantes a um estado de superioridade óbvia e inatacável.
Sou tentado a propor ao TSE que, a exemplo de Salomão, reparta a presidência da
república e os governos dos estados igualmente entre os candidatos, dividindo
também cargos comissionados, verbas orçamentárias, alianças políticas e todas
as demais benesses que a máquina pública oferece a seus ocupantes. Assim ambos
teriam a possibilidade de realizar tudo de bom
e de fantástico que prometem ao
eleitor. Imaginem o bem que fariam à população! O assunto é sério? Sim claro. Mas
quem disse que estou brincando? Pois tenho certeza que nenhum dos postulantes
terá a nobreza de, por pretenderem o melhor para a nação, deixar a vaga para o
outro.
É claro que, também de ambos os lados
há excessos. Os dois igualmente tentam desastradamente acusar o outro, com
números, estatísticas, inverdades implantadas, e vai longa a lista de
despautérios. Se um lado reclama do abandono da educação, o outro reclama da
saúde e das filas nos hospitais. Um se defende com programas disso ou daquilo,
e o outro menciona antigas conquistas que já ficaram no passado e não correspondem
à realidade. Feitos que talvez nem mesmo se aplicassem na atualidade e nas circunstâncias
internacionais.
Particularmente não me interesso por
esse confronto de estatísticas e acusações, que se alternam em causa própria.
Porque se um governo fez bem uma determinada coisa, o outro ampliou ou fez um
pouco mais em outra área, penso que cumpriram seus papéis históricos e
pertinentes. Sim, porque creio convictamente que os diferentes e sucessíveis
governos, em uma democracia segura e bem consolidada, acabam por realizar uma
agenda que efetive e consolide soluções de sejam aplicáveis e de extrema
adequação ao contexto em que estão inseridos. Acredito em agendas renovadas e
metas que independam de partidos.
Desconfio de certa forma, que o maior
incômodo do contingente de eleitores que votaram contra o PT, falo mais
precisamente da disputa pela presidência da república, não seja necessariamente
com a Presidente Dilma, mas com o que chamam de aparelhamento do estado pelo
Partido dos Trabalhadores. Segundo alegam, o PT tem um plano de poder, que visa
perpetuar o partido no Palácio do Planalto por muitos anos seguidos. Pode ser,
mas para o que pretendo expor aqui, vou preferir manter-me no campo das
hipóteses. Em contra partida, os Tucanos são acusados de entreguistas vendidos
aos interesses do capital estrangeiro, que não defendem as minorias, nem lutam
pela inclusão social dos pobres. Também pode ser. Outra vez ficarei com as
hipóteses. A verdade nesses casos e nesse momento pouco importa. Ninguém votará
num ou noutro candidato baseado em qualquer que seja a verdade, mas sim pela
sensação que suas respectivas campanhas lhes causarem. No fundo, para mim,
pouco importa uma ou outra hipótese. Porque não busco e nem espero de nenhum
dos dois candidatos e nem mesmo de seus partidos de origem, qualquer coisa que
os acuse ou promova virtuosos, de modo a fazer-lhes repulsivos ou atrativos ao
meu voto. Para mim, ambos são bons... Ambos são ruins. Como diria minha avó
“tudo bom e nada presta”.
Como acredito plenamente na democracia
como o sistema de governo mais adequado e justo, e por essa razão sou
profundamente plural em minhas convicções e tolerâncias, creio honestamente que
o revezamento das tendências e dos modelos de planejamento e gestão
governamental, traz profundas e proveitosas vantagens para nós, eleitores e
ainda não eleitores do Brasil. Acredito salutar e propício a renovação da
administração pública de tempos em tempos. As novidades e as grandes idéias surgem
sempre quando alguém pensa em realizar diferente, algo que vem sendo mecanicamente
realizado igualmente por anos. Além disso, evitando a perenidade de comissionados
em funções influentes, diminuímos as possibilidades de corrupção pelas facilidades
e seguranças sedimentadas. Renovando a máquina pública, dificultamos o seu uso
para proveito próprio. Assim, como não vejo com bons olhos a manutenção do PSDB
por tantos anos à frente do governo em São Paulo, também não acredito que a
permanência do PT na presidência da república seja vantajosa para o Brasil.
Mas que fique claro! Essa é uma visão
particular, individual e intransferível. É uma percepção singular e que não
imponho nem mesmo em casa, onde graças a Deus não há unanimidade. A única coisa
que defendo inegociável no exercício de minha cidadania, é o direito que meus
filhos têm, como qualquer outro cidadão, de pensarem diferente de mim, com suas
percepções por ângulos próprios, mantidos em comum apenas os valores que devem
formar-lhes o caráter.
Por isso mantenho minha crença e opção
pelo modelo democrático. Penso eu, pensa você... Todos pensam. Cada qual com
suas escolhas e crenças. E vivemos todos com os mesmo deveres e direitos,
convivendo em harmonia, embora as divergências. Não é mais fácil assim?
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