“27 Mas a vós que ouvis, digo: Amai
a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, 28
bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam. 29
Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver
tirado a capa, não lhe negues também a túnica. 30 Dá a todo o que te pedir; e ao
que tomar o que é teu, não lho reclames..”
Lucas
6:27-30 - RA
Assistindo ao BBB15 nessa quinta-feira
05/03, fiquei profundamente decepcionado comigo mesmo. Não, não foi por estar
assistindo ao reality-show mais criticado pela mídia "cult". Não. Decepcionei-me
com minha reação e sensação, diante das provocações de um dos participantes aos
demais moradores da casa.
Esse irritante provocador, talvez intencionando eliminar algum concorrente por
agressão a ele, gritou, encarou (como fazem os lutadores de MMA), desrespeitou,
acusou, afrontou, e por fim ainda colocou o dedo em riste, na cara de seus oponentes. Faltou muito pouco para que um e outro
chegasse às vias de fato com ele.
Em que isso me decepcionou? Em
perceber que, enquanto a cena se reproduzia na tela da TV, uma cena reproduzida
de horas atrás, eu me tremia por inteiro, indignado, com uma fúria absurda e desproporcional,
já que não passava de um replay de um fato já passado. E não só por isso. A
cena ainda se desenrolava, mas eu já o havia agredido diversas vezes, em pensamento.
Sim, em pensamento eu dei socos e ponta pés naquele participante. Disse-lhe
certamente alguns impropérios (já nem me lembro mais quais e quantos), e fechei
e abri a mão algumas vezes, como que me preparando para desferir-lhe golpes que
jamais o atingiriam, mas que saciaram minha indignação e gana deem vingar os demais
participantes que eu julgava incomodados e vilipendiados por sua atitude grosseira
e arrogante.
Alguns podem achar que estou
exagerando, mas não. Meus golpes no vazio só não o atingiram, por causa do hiato
tempo-espaço que nos separava.
Estivesse eu na casa do Projac ou ele na minha, certamente eu o teria atingido
em cheio, e ele, pelo menos no meu desejo transtornado, estaria se contorcendo
de dor diante de mim, que certamente me apaziguaria com a sensação de castigo
aplicado. Ou seja, eu o atingi tanto mais do que ele pôde suspeitar, e em minha
fantasia, poderia suportar.
“ 21 Ouvistes que foi dito aos
antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo. 22
Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será
réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e
quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno.”
Mateus
5:21-22 - RA
Ora, a interpretação da lei mosaica, e
o costume vivenciado pela sociedade nos tempos de Jesus era exatamente esse. Não matarás. Alguém poderia pretender, poderia
desejar, até planejar. Mas se não chegasse a matar, logo não haveria pecado. Mas
Jesus mudou essa percepção de certa forma conveniente e meramente legalista. Não,
todavia, revogando-a, mas na verdade aprofundando-a. A partir de sua ótica, ali
comunicada aos seus discípulos, Jesus advertiu que bastaria pretender, para que
o pecado já tivesse se consumado, uma vez que apenas circunstâncias, medos ou
conveniências tivesse separado a intenção da realização.
- Mas
Jânsen, alguém pode estar pensando agora. - Qualquer um sentiria indignação. Qualquer um se imaginaria dando umas
bolachas naquele indivíduo. Temos todos o habito de desculpar aquilo que
possivelmente seja a reação de uma grande quantidade de pessoas. Como se a quase generalidade de reação legitimasse
os impulsos, os feitos, ou as nossas pretensões.
Acontece que, se a nossa justiça não exceder à dos escribas e fariseus, de maneira
alguma entraremos no reino dos céus. Ora, sede santos como é santo nosso pai que está nos céus. Por que isso?
Porque se meus impulsos e intenções ainda não são capazes de refletir a
santidade de um pacificador, com
mansidão e boa-vontade, ainda há muito a se combater nessa carreira, nessa vida
que vivo em marcha. Nessa vida que
vivo a caminho.
Eu matei
aquele menino. Muitos de nós o matamos
naqueles instantes. Do mesmo modo que assistindo ao noticiário da TV, matamos políticos e governantes corruptos,
gestores públicos contra quem nos indignamos, adversários que nos enfrentam
pela vida, familiares e cônjuges que nos irritam. - Pra mim você morreu!, dizemos no auge da raiva e na impossibilidade
de cometer o ato. Lidamos bem com essas mortes que promovemos no silêncio de nossas
intimidades, crendo que podemos viver livres, na impunidade das catacumbas de
nossas almas. Pobres réus do sinédrio e do fogo do inferno...
“ 23 Portanto, se estiveres
apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem
alguma coisa contra ti, 24 deixa ali diante do altar a tua
oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a
tua oferta.”
Mateus
5:23-24 - RA
Somos todos cínicos. Assassinos de
corações impenitentes e soberbos, que reivindicamos o direito de pretender
legitimamente a eliminação de tudo ou de todos que nos incomodam. Je suis cynique. Ou não é verdade, por
exemplo, que no episódio do atentado em Paris, muitos de nós pensamos bem feito para a morte dos cartunistas
que provocavam os radicais religiosos, que atiramos imaginariamente nos
terroristas flagrados em suas fugas, ou que sonhamos acordados com uma invasão
militar em algum campo de treinamento de terroristas, num país qualquer no
Leste Europeu ou no Oriente Médio?
Vai
e concilia-te primeiro. Confessa sua indignação e seu
ato de agressão. Não espere que ele o
faça. Faça você. Pois foi ele o agredido, não você. Ele é quem tem algo contra
você. Foi ele o objeto de sua ira. Não o contrário.
Que saibamos nos perceber sempre. Que
sejamos constantemente aptos a entender nossas reações e que aquele que começou
boa obra em nós, a conclua até o dia de nossa morte. Que o Senhor nos sustente
o coração em paz e mansidão.
Um forte abraço.
VERDADE!!! Jamais pensei dessa forma!!! Fiquei horrorizada comigo mesma. Obrigada muitas vezes por este despertamento em mim.__________________"Somos todos cínicos. Assassinos de corações impenitentes e soberbos, que reivindicamos o direito de pretender legitimamente a eliminação de tudo ou de todos que nos incomodam. Je suis cynique. Ou não é verdade, por exemplo, que no episódio do atentado em Paris, muitos de nós pensamos bem feito para a morte dos cartunistas que provocavam os radicais religiosos, que atiramos imaginariamente nos terroristas flagrados em suas fugas, ou que sonhamos acordados com uma invasão militar em algum campo de treinamento de terroristas, num país qualquer no Leste Europeu ou no Oriente Médio?"
ResponderExcluirÉ isso Marina. Evangelho é auto-confrontação constante. O Sermão do Monte oferece esse principio, ao nos "lançar em rosto" as realidades de nossas atitudes mais básicas e cotidianas. É muito bom saber-se relevante, e peço a Deus que o conteúdo desses posts se mantenham significativos para muitos. Fico feliz com seu retorno. Espero que nos mantenhamos em contato. Um forte abraço...
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